Quatro pessoas são presas em empresa que revendeu que ficou submersa na enchente de Porto Alegre

Na quarta-feira (22), a Operação Carne Fraca resultou na prisão de quatro pessoas por vender proteína animal submersa na enchente histórica de Porto Alegre em 2024. A empresa do Sul Fluminense, Tem Di Tudo Salvados, adquiriu 800 toneladas de carne deteriorada de um frigorífico de Porto Alegre, sob a alegação de que seria transformada em ração animal.

De acordo com as investigações da Delegacia do Consumidor (Decon-RJ), a carne bovina, suína e de aves estragada foi posteriormente comercializada para açougues e mercados em todo o país. As embalagens teriam sido adulteradas para ocultar os danos causados pela lama e inundação durante a tragédia no Rio Grande do Sul, que deixou mais de 200 mortos e desaparecidos.

Os agentes da Decon cumpriram oito mandados de busca e apreensão na sede da Tem Di Tudo Salvados e em endereços ligados aos sócios. Durante as buscas, foram encontrados alimentos vencidos ou estragados, levando à prisão em flagrante de quatro pessoas por vender ou armazenar produtos impróprios para consumo.

Em meio às varreduras, foram identificados pacotes de carne embalados a vácuo, possivelmente do lote deteriorado de Porto Alegre, descartada oito meses após a tragédia. Além disso, havia alimentos armazenados inadequadamente, sem a temperatura adequada, e produtos congelados em condições precárias, como prateleiras enferrujadas e sacos de alimentos no chão. A empresa investigada teria lucrado significativamente com o esquema, adquirindo as 800 toneladas de carne estragada por apenas R$ 80 mil, enquanto o valor original seria de R$ 5 milhões, conforme informado pelo delegado Wellington Vieira.

Os envolvidos poderão responder por crimes como associação criminosa, receptação, adulteração e corrupção de alimentos, com alcance nacional. A investigação teve início no Rio Grande do Sul, quando produtores locais acionaram a polícia ao descobrir que a carne descartada pelo frigorífico estava sendo vendida pela Tem Di Tudo Salvados. A polícia agora está em busca de outras empresas que adquiriram a carne deteriorada sem conhecimento da sua inadequação para o consumo.