Entenda o que é o greenwashing e a acusação que envolve os uniformes olímpicos |
Date: Jul 25, 2024 |
Link: https://capitalreset.uol.com.br/empresas/companhias-abertas/greenwashing-olimpico-riachuelo-exagera-atributos-sustentaveis-de-uniformes/ |
Nos últimos dias, a varejista Riachuelo tem sido alvo de críticas nas redes sociais devido aos uniformes que os atletas brasileiros usarão durante o desfile de abertura dos Jogos em Paris, nesta sexta-feira (26). Além de serem criticados por seu design, a concepção e promoção dos uniformes foi acusada de se utilizar de estratégias de greenwashing ao apresentar certo exagero em relação aos supostos atributos sustentáveis da produção das roupas. Segundo o IDEC (Instituto de defesa dos consumidores) o greenwashing é uma "expressão que significa “maquiagem verde” ou “lavagem verde”. Nesses casos, as marcas criam uma falsa aparência de sustentabilidade, sem necessariamente aplicá-la na prática". A polêmica foi iniciada na discussão sobre uma postagem no Instagram de Alexandra Farah, jornalista especializada em moda e sustentabilidade. Segundo ela, a Riachuelo divulgou informações incorretas sobre a sustentabilidade dos uniformes, alegando que a jaqueta era feita com 100% de fios reutilizados da fábrica. No entanto, fontes especializadas afirmaram que é impossível produzir uma peça utilizando apenas fibras reutilizadas. Na verdade, as jaquetas foram confeccionadas com 23% de fibras provenientes das aparas da fábrica da Riachuelo que fica em Natal. Apesar de 23% ser um número significativo, a informação inflada causou indignação. A Riachuelo e o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) divulgaram a coleção como uma criação colaborativa, mas o consultor André Carvalhal, que é especialista em design para sustentabilidade e divulgou um post publicitário em parceria com a Riachuelo, foi duramente criticado pela informação incorreta. Além do exagero em relação à matéria-prima, outras questões também foram levantadas. As jaquetas foram divulgadas como tendo um grande bordado que valoriza a biodiversidade brasileira, feito inteiramente à mão por 80 bordadeiras de Timbaúba dos Batistas, no Rio Grande do Norte. No entanto, fotos e vídeos mostram as artesãs trabalhando em máquinas de costura, o que contradiz a informação divulgada. Além disso, a Riachuelo divulgou em sua loja online que as peças da cerimônia de abertura foram "lavadas sem água", o que contradiz a informação anterior de que medidas foram adotadas para reduzir consideravelmente o uso de água nos processos de lavagem, mas não eliminá-la completamente. A suposta falta de transparência da empresa também foi questionada, assim como o recente desligamento da diretora de sustentabilidade do Grupo Guararapes, controladora da Riachuelo. Valesca Magalhães, responsável pelas iniciativas sustentáveis da varejista nos últimos cinco anos, foi demitida no mês passado. Essa não é a primeira vez em que o grupo se envolve em alguma polêmica relacionada à concepção de suas peças. Em setembro do ano passado, a Riachuelo decidiu retirar de circulação uma coleção de pijamas listrados que foram alvo de críticas pela semelhança com os uniformes usados pelos judeus aprisionados durante o regime nazista. |