STF inicia interrogatórios de acusados de golpe de Estado; Mauro Cid será o primeiro a falar

O Supremo Tribunal Federal (STF) dá início nesta segunda-feira (9) aos interrogatórios dos oito acusados de tentativa de golpe de Estado em 2022, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro. A Procuradoria-Geral da República (PGR) os considera parte do "núcleo crucial" da organização criminosa que agiu para a ruptura democrática. O processo penal entrou na fase de instrução ao longo de maio, com testemunhas de defesa e acusação ouvidas. Agora, será a vez dos réus prestarem seus depoimentos, marcando a reta final desta etapa.

As audiências serão realizadas na Primeira Turma do STF ao longo da semana, de 9 a 13 de junho. O ministro Alexandre de Moraes, relator da ação penal, ficará responsável pelos interrogatórios, realizados presencialmente. Os depoimentos serão transmitidos ao vivo pela TV Justiça. O primeiro a ser ouvido será Mauro Cid, tenente-coronel do Exército e ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, que fechou acordo de delação premiada com a Polícia Federal. Os demais réus, incluindo Bolsonaro e o general Braga Netto, serão interrogados em ordem alfabética, conforme determinado pelo Tribunal.

A PGR atribui ao ex-presidente e aos demais acusados do "núcleo crucial" a liderança da organização criminosa armada que visava o golpe de Estado. Entre as ações apontadas estão a propagação de ataques ao sistema eleitoral, a edição do decreto golpista final, a pressão sobre os militares para aderirem à insurreição e a interferência na conclusão do relatório das Forças Armadas sobre as urnas eletrônicas. Há indícios de que Bolsonaro tinha conhecimento do plano "Punhal Verde Amarelo" para assassinar autoridades. A PGR também destaca o papel do deputado federal e ex-diretor-geral da Abin no auxílio direto a Bolsonaro na execução do plano criminoso.