PMs do Rio são acusados de racismo após abordagem a adolescentes negros filhos de diplomatas

Date: Jul 5, 2024
Image credit: André Gustavo Stumpf / CC BY 2.0
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Policiais Militares do Rio de Janeiro estão sob acusação de racismo após uma abordagem violenta que envolveu adolescentes negros filhos de diplomatas.


A situação ocorreu na noite de quarta-feira (3/7) em Ipanema, zona sul da cidade. Imagens registradas por câmeras de segurança mostram os agentes armados saindo da viatura e revistando os jovens, que têm idades entre 13 e 14 anos.


Os policiais, ao serem alertados por um adolescente branco de que o grupo era estrangeiro e estava apenas visitando o Rio a turismo, liberaram os jovens. No entanto, antes de deixá-los, os policiais os advertiram para terem cuidado nas ruas, pois poderiam ser abordados novamente.

De acordo com o relato divulgado nas redes sociais, os meninos foram obrigados a remover casacos e levantar as roupas  durante a abordagem. Somente após a ação desproporcional, eles foram questionados sobre suas origens e o motivo de estarem no local. No entanto, os três meninos negros não entenderam a pergunta, pois são estrangeiros, o que dificultou a resposta.

Rhaiana Rondon, mãe de um dos adolescentes declarou que Caetano, o menino branco brasileiro que estava com eles, foi quem informou que os adolescente negros vinham de Brasília e estavam turistando. A mãe do adolescente destacou a forma como seu filho foi tratado de maneira diferente durante a abordagem, evidenciando a discriminação racial envolvida.


Rhaiana Rondon relatou o ocorrido nas redes sociais e afirmou que a abordagem foi racial e criminosa. Ela destacou que o grupo de jovens estava acompanhado dos avós de um deles e estava retornando para casa em Ipanema após deixarem um amigo em seu prédio. Rhaiana ressaltou que a família frequenta o Rio há anos e nunca tinha presenciado tamanha violência. 

A mãe de um dos meninos que sofreu a abordagem violenta, diplomata do Gabão, enfatizou que o papel da polícia é proteger e questionou o motivo de apontarem armas para crianças de 13 anos. Ela ressaltou que, mesmo se fossem adultos, eles deveriam ser abordados e questionados antes de qualquer ação.


O incidente, que envolveu adolescentes de quatro países diferentes (França, Canadá, Gabão e Burkina Faso), foi comunicado ao Itamaraty e aos respectivos consulados. O órgão informou que está acompanhando o caso e buscando averiguar as circunstâncias para eventuais providências.


A Polícia Militar, por sua vez, afirmou que os agentes envolvidos na ação estavam utilizando câmeras corporais e que as imagens serão analisadas para verificar se houve algum excesso por parte dos policiais.