Israel mantém programa nuclear secreto fora do controle da AIEA

Date: Jun 19, 2025
Image title: DIMONA, ISRAEL: (FILE PHOTO) A recent undated file photo of Israel's nuclear reactor at Dimona. (Photo by Getty Images)
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Israel, enquanto critica o Irã por seu programa nuclear, mantém em sigilo seu amplo programa nuclear, supostamente iniciado no século passado. De acordo com a Federação de Cientistas Americanos e a Associação de Controle de Armamentos dos EUA, estima-se que Israel possua pelo menos 90 ogivas atômicas, com fontes indicando a possibilidade de um arsenal ainda maior. A construção da usina nuclear de Dimona, ao sul de Jerusalém, é apontada como o marco inicial desse desenvolvimento, iniciado antes de 1958, conforme relatado no livro "A Segunda Guerra Fria" do professor Luiz Alberto Moniz Bandeira.

Israel é o único país do Oriente Médio a não assinar o Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP) e, dessa forma, não se submete às inspeções da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). Apesar de apelos do Conselho de Segurança da ONU desde 1981 para que Israel colocasse suas instalações nucleares sob as salvaguardas da AIEA, o país permanece fora do controle internacional. Essa postura contrasta com a pressão exercida sobre o programa nuclear do Irã, evidenciando a ausência de cobrança em relação ao programa nuclear israelense.

A assistência para a construção do programa nuclear de Israel incluiu apoio da Comissão de Energia Atômica da França, o fornecimento de materiais atômicos e a colaboração de cientistas. Revelações de ex-funcionários da CIA e do Mossad apontam para a produção de bombas atômicas por Israel, com estimativas variando de 150 a 300 ogivas nucleares. O ex-técnico nuclear israelense Mordechai Vanunu divulgou informações sobre o programa, sofrendo consequências como prisão por traição e restrição de liberdade mesmo após sua libertação em 2004.

A falta de controle externo sobre o programa nuclear israelense vai de encontro às resoluções do Conselho de Segurança da ONU, como a resolução 487 de 1981, que condenou a ação de Israel no Iraque, e pediu pela supervisão da AIEA em instalações nucleares de Israel. Até o momento, Israel se recusa a aderir ao TNP e a permitir inspeções da AIEA, destacando-se como o único programa nuclear do mundo fora desses escopos de monitoramento internacional.