Estudo da USP aponta associação entre adoçantes artificiais e declínio cognitivo

Date: Sep 3, 2025
Link: https://oglobo.globo.com/saude/noticia/2025/09/03/a-maioria-dos-adocantes-esta-associada-a-um-declinio-cognitivo-ate-62percent-mais-rapido-mostra-estudo-inedito-da-usp.ghtml

Um estudo realizado por pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) revelou que o consumo excessivo de alguns adoçantes artificiais pode estar associado a um declínio cognitivo mais rápido. Os resultados, publicados na revista científica Neurology, indicam que os participantes que ingeriram maiores quantidades diárias desses compostos apresentaram declínios 62% mais rápidos em comparação com aqueles que consumiram menores quantidades, equivalente a cerca de 1,6 ano de envelhecimento.


A pesquisa analisou dados de 12.772 adultos de todo o Brasil que participam do Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (Elsa Brasil), sendo acompanhados por uma média de oito anos. Os participantes foram divididos em três grupos com base na quantidade de adoçantes artificiais consumidos, incluindo aspartame, sacarina, acessulfame-K, eritritol, xilitol, sorbitol e tagatose.


Ao longo do estudo, os voluntários foram submetidos a testes cognitivos para avaliar memória, linguagem e habilidades de pensamento. Os resultados apontaram que o declínio cognitivo foi mais acentuado nos participantes que consumiram maiores quantidades de adoçantes, especialmente nas áreas de fluência verbal e memória. A pesquisa também destacou que a ligação com o declínio cognitivo foi mais forte em participantes com diabetes.


A autora sênior do estudo, médica Claudia Kimie Suemoto, ressaltou a importância dos resultados, indicando que, embora não seja possível afirmar uma relação de causa e efeito, os resultados são fortes o suficiente para alertar sobre os riscos associados ao consumo desses compostos. Suemoto enfatizou a necessidade de mais pesquisas para confirmar as descobertas e investigar alternativas mais saudáveis ao açúcar refinado.


O professor titular da Faculdade de Medicina da USP, Paulo Lotufo, coautor do estudo, destacou a mudança de hábitos que ocorreu após a pesquisa, como a redução do consumo de adoçantes. Lotufo ressaltou a importância de repensar o uso desses compostos, considerando possíveis impactos na saúde cerebral, especialmente relacionados à neurotoxicidade e alterações na microbiota intestinal. A pesquisa aponta para a necessidade de precaução ao consumir adoçantes artificiais e destaca a importância de futuras investigações para a saúde do cérebro.