Pesquisa revela potencial do própolis da mandaçaia no combate ao Aedes aegypti

Date: Aug 6, 2025
Image title: RECIFE, BRAZIL - JANUARY 26: Aedes aegypti mosquitos are seen in a lab at the Fiocruz institute on January 26, 2016 in Recife, Pernambuco state, Brazil. The mosquito transmits the Zika virus and is being studied at the institute. In the last four months, authorities have recorded close to 4,000 cases in Brazil in which the mosquito-borne Zika virus may have led to microcephaly in infants. The ailment results in an abnormally small head in newborns and is associated with various disorders including decreased brain development. According to the World Health Organization (WHO), the Zika virus outbreak is likely to spread throughout nearly all the Americas. At least twelve cases in the United States have now been confirmed by the CDC. (Photo by Mario Tama/Getty Images)
Image credit: Mario Tama - 2016 Getty Images
Link: https://noticias.uol.com.br/meio-ambiente/ultimas-noticias/redacao/2025/08/06/a-arma-secreta-contra-a-dengue-pode-estar-em-uma-abelha-brasileira.htm

Uma recente pesquisa realizada por cientistas da USP, UnB e startups de Ribeirão Preto descobriu um composto com alta eficácia larvicida no própolis produzido pela abelha nativa brasileira mandaçaia (Melipona quadrifasciata) contra o mosquito Aedes aegypti. O estudo revelou que essa substância é capaz de eliminar até 100% das larvas do mosquito em um período de 48 horas. A pesquisa contou com o apoio do Ministério da Saúde e da FAPESP, e os resultados foram publicados na revista científica Rapid Communications in Mass Spectrometry.


O composto ativo identificado é um tipo de diterpeno encontrado na resina do pinus (Pinus elliottii), uma árvore comum no Brasil. As mandaçaias utilizam essa resina para a construção e proteção de seus ninhos, e a interação dessa resina com a saliva das abelhas altera sua estrutura química, potencializando sua ação larvicida. Em testes realizados, o própolis tradicional de outra espécie de abelha, a europeia Apis mellifera, teve um efeito mínimo em comparação com a eficácia da substância presente no própolis da mandaçaia.


A geoprópolis produzida pelas mandaçaias demonstrou ser altamente eficaz, eliminando 90% das larvas em 24 horas e atingindo uma taxa de 100% de mortalidade em 48 horas. Outras abelhas nativas, como jataí e mirim, não apresentaram o mesmo efeito larvicida, destacando a singularidade da combinação entre a resina do pinus e o metabolismo da mandaçaia. Os pesquisadores salientaram que a produção de própolis pelas mandaçaias é limitada, sugerindo que o processo de extração e reprodução do composto em laboratório pode ser uma alternativa viável.


Além do composto larvicida promissor encontrado no própolis da mandaçaia, a pesquisa resultou na descoberta de um óleo essencial também com ação larvicida, testado na forma de pó e comprimido. O pó se mostrou capaz de eliminar as larvas imediatamente, enquanto o comprimido garantiu uma proteção prolongada da água por até 24 dias. Esses achados abrem caminho para o desenvolvimento de produtos naturais mais eficazes e menos nocivos ao meio ambiente na luta contra doenças transmitidas por mosquitos, como dengue, zika, chikungunya e febre amarela.