Estudo relaciona danos cerebrais permanente à exposição a agrotóxico glifosato

Date: Dec 10, 2024
Image title: LOEBAU, GERMANY - APRIL 21: A tractor sprays pesticide on a field on April 21, 2018 near Loebau, Germany. The new German government has vowed to tackle the widespread use by farmers of glyphosate, and while a ban is unlikely, German Agriculture Minister Julia Kloeckner recently stated she is seeking measures to discourage the use of the pesticide. Glyphosate has been linked in some past research to cancer. (Photo by Sean Gallup/Getty Images)
Image credit: Sean Gallup - 2018 Getty Images
Link: https://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2024/12/estudo-associa-contato-com-o-agrotoxico-glifosato-a-dano-cerebral-permanente.shtml

Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade Estadual do Arizona (ASU) e do Translational Genomics Research Institute (TGen) revelou que a exposição ao herbicida glifosato pode causar danos cerebrais duradouros em camundongos. Publicada na revista científica Neuroinflammation, a pesquisa evidenciou uma associação entre a exposição dos roedores ao pesticida e o desenvolvimento de inflamação cerebral significativa, ligada a doenças neurodegenerativas.


Durante 13 semanas, os cientistas expuseram os camundongos, inclusive os transgênicos com doença de Alzheimer, a dois níveis diferentes de glifosato. Mesmo com a dose mais baixa, próxima ao limite considerado seguro para humanos, os roedores apresentaram efeitos prejudiciais no cérebro, persistindo por meses após a exposição. O ácido aminometilfosfônico, subproduto do glifosato, acumulou-se nos tecidos cerebrais dos animais, suscitando preocupações sobre a segurança do herbicida.


Os resultados do estudo alarmam quanto aos impactos do glifosato na saúde cerebral, especialmente em áreas rurais onde a exposição ao produto é mais comum devido à agricultura em larga escala. Segundo o pesquisador Ramon Velazquez, há uma urgência em aprofundar as pesquisas sobre os efeitos do herbicida, considerando o aumento da incidência de deficiência cognitiva na população idosa.


A Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer da OMS destaca a necessidade de revisões quanto à segurança do produto. A renovação da aprovação de uso do glifosato na União Europeia por mais dez anos, com restrições, apesar de não identificar áreas críticas de preocupação, reforça a importância de estudos contínuos sobre os impactos do pesticida. 

No Brasil, o glifosato vem sendo utilizado nas lavouras com maior preponderância desde os anos 1995, quando as sementes trangênicas introduzidas passaram a tolerar melhor o pesticida, que atualmente representa 62% dos herbicidas utilizados. Nos últimos anos, diversas medidas aprovadas no congresso aumentaram as quantidades permitidas do agrotóxico na agricultura brasileira, o que vem causando preocupações acerca dos efeitos de longo prazo na saúde tanto da população rural exposta quanto dos grupos que consomem os alimentos produzidos com glifosato.