Ex-funcionário diz que Ministério da Justiça ordenou mapeamento de redutos eleitorais de Lula durante eleições de 2022

O ex-analista de inteligência da Coordenação-Geral de Inteligência do Ministério da Justiça, Clebson Ferreira de Paula Vieira, prestou depoimento no STF nesta segunda-feira (19 de maio de 2025) e afirmou ter recebido ordens para mapear os redutos eleitorais do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Polícia Rodoviária Federal (PRF) durante as eleições de 2022. De acordo com Vieira, as instruções foram emitidas pelo então ministro Anderson Torres e pela então secretária de Segurança Pública do ministério, Marília Ferreira de Alencar.

A testemunha, indicada pela Procuradoria Geral da República para o julgamento que investiga uma suposta tentativa de golpe em 2022, relatou que lhe foi solicitado o levantamento dos municípios onde Lula e Jair Bolsonaro obtiveram mais de 75% dos votos no primeiro turno das eleições. Além disso, também foi pedido que fizesse uma análise sobre a distribuição de agentes da PRF.

Vieira disse que ficou surpreso com as ordens e decidiu guardar os relatórios como forma de proteção. Ele ressaltou ter se sentido apavorado ao perceber que sua expertise técnica estava sendo utilizada para ações ilegais. Durante o segundo turno, uma blitz da PRF visava veículos com destino ao Nordeste, região onde Lula tinha a maior vantagem eleitoral.

O ex-ministro da Justiça Anderson Torres tornou-se réu no processo que investiga a suposta tentativa de golpe, por supostamente tentar impedir o deslocamento de eleitores na região nordeste durante o segundo turno das eleições de 2022. A 1ª Turma do STF iniciou as oitivas do núcleo 1, sendo essas realizadas por videoconferência sem transmissão oficial, mas com acompanhamento da imprensa, nacional e internacional, por meio de um telão na sala da 1ª Turma do STF, com proibição de gravações. Está prevista a oitiva de 82 testemunhas, incluindo ex-comandantes das Forças Armadas e o Governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas. O julgamento diz respeito ao "núcleo crucial" apontado como articulador da suposta tentativa de golpe.