Agência da OMS classifica talco como potencialmente cancerígeno

Date: Jul 5, 2024
Image title: SAN ANSELMO, CALIFORNIA - APRIL 05: In this photo illustration, a container of Johnson and Johnson baby powder is displayed on April 05, 2023 in San Anselmo, California. Johnson & Johnson announced an agreement on Tuesday to pay $8.9 billion to tens of thousands of people who say the company’s talcum powder products caused cancer. (Photo Illustration by Justin Sullivan/Getty Images)
Image credit: Justin Sullivan - 2023 Getty Images
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Nos últimos anos, o talco tem sido motivo de preocupação e debate, especialmente após declarações da Iarc (Agência Internacional para Pesquisa sobre Câncer), órgão ligado à OMS (Organização Mundial da Saúde) sobre sua potencial carcinogenicidade. 

O talco é um mineral, amplamente utilizado em produtos cosméticos e de higiene pessoal, como pó de talco e maquiagem. Sua textura suave e capacidade de absorver umidade o tornam um ingrediente popular, mas também levanta questões sobre sua segurança.

Recentemente a Iarc classificou o talco no Grupo 2A, que indica que a substância é "provavelmente carcinogênica para humanos". A decisão foi baseada em estudos científicos que têm investigado a relação limitada entre o uso de talco na região perineal e o câncer, com alguns achados sugerindo um risco aumentado para certos tipos de câncer, como o de ovário.  A pesquisa que motivou o posicionamento foi publicada na revista Lancet e realizada no Centro Internacional de Pesquisa do Câncer (CIRC/IARC) e considerou casos de câncer de ovário em humanos e testes realizados em laboratório com cobaias.

Os especialistas dividiram o tipo de exposição ao talco em dois grupos: em um a exposição ao talco se dá no ambiente de trabalho, isto é na extração, manipulação e processamento do produto. No outro grupo a análise foi realizada sobre os usuários de cosméticos e outros produtos contendo talco. O primeiro grupo, que trabalha na extração estaria mais exposto.

Além disso, houve casos judiciais em que consumidores alegaram que o uso de talco contribuiu para o desenvolvimento de câncer. A gigante farmacêutica Johnson & Johnson está sendo processada por pessoas que a acusam de produzir talco com amianto, substância que pode causar problemas no ovário, incluindo câncer. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), o amianto, substância usada em várias indústrias, pode causar câncer no mesotelioma, ovário, pulmão e na laringe. A empresa nega as acusações e parou de vender o produto nos Estados Unidos em 2023. Além disso, a empresa fechou  um acordo em 42 estados dos Estados Unidos para encerrar as disputas judiciais sobre o tema do talco. 

Os estudos se concentraram em testar talco sem amianto, mas não excluem a possibilidade que os sujeitos em análise tivessem passado por exposição a talcos que contenham a substância. Os pesquisadores também ressaltaram a necessidade de mais estudos para poder ratificar a relação entre o talco a incidência de câncer.

A agência da OMS também classificou o acrilonitrilo, composto orgânico volátil utilizado na produção de polímeros, como "cancerígeno" para os seres humanos. 

Embora tenha sido baseada em um estudo, a agência recebeu algumas críticas de setores acadêmicos e industriais por tornar o assunto sobre o potencial cancerígeno algo mais preocupante do que deveria ser.  Entre a lista do que a agência já classificou como cancerígeno também estão carnes vermelhas, trabalho noturno e, recentemente, o aspartame, decisão esta que recebeu críticas por não considerar a quantidade necessária de uso do produto para que ocorra o aumento de risco.

O estudo pode ser acessado no site da Revista Lancet.