Polícia Civil mira "consórcio" entre PCC e CV que atuava no Complexo do Alemão, no Rio

Date: Jul 3, 2025
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A Polícia Civil do Rio de Janeiro (PCERJ) promoveu, nesta quinta-feira (3/7), a Operação Bella Ciao com o intuito de desarticular um consórcio criminoso envolvido no tráfico interestadual de drogas e armas destinadas ao Complexo do Alemão, na Zona Norte da cidade. Estima-se que a quadrilha, que tinha ligações com o Comando Vermelho (CV) e o Primeiro Comando da Capital (PCC), tenha movimentado mais de R$ 250 milhões. A ação foi liderada pela Delegacia de Combate às Organizações Criminosas e à Lavagem de Dinheiro (DCOC-LD) e resultou na prisão de dois indivíduos, um em Taubaté, São Paulo, e outro no Rio de Janeiro, ambos desempenhando papéis fundamentais na estrutura criminosa voltada para lavagem de dinheiro, compra de armamentos e distribuição de entorpecentes entre os estados.


Entre os presos encontra-se Gustavo Miranda de Jesus, apontado como responsável pelo braço financeiro da organização criminosa no Rio de Janeiro, sendo encarregado de controlar o dinheiro ilícito e facilitar sua inserção no sistema bancário formal. Além disso, a Operação Bella Ciao cumpriu mandados de busca e apreensão em endereços relacionados a outros suspeitos, visando aprofundar a identificação dos núcleos operacionais e financeiros que abastecem as maiores facções criminosas do país. As investigações apontam para a existência de um consórcio interestadual entre membros do PCC e do CV, responsável por suprir o Complexo do Alemão com armas e drogas, movimentando milhões de reais.


Os alvos da operação incluem Ana Lúcia Ferreira, ex-mulher de Elton Leonel da Silva, conhecido como Galã, um dos líderes do PCC preso em 2020, e Gustavo Miranda de Jesus, associado a Fhillip da Silva Gregório, apelidado de Professor e apontado como líder da Fazendinha, no Alemão, que veio a falecer recentemente. Segundo o delegado Vinícius Miranda, da DCOC-LD, Gustavo utilizava sua família para movimentar os valores obtidos ilegalmente e Ana tinha conexões tanto com o Comando Vermelho quanto com o PCC. As ações dos suspeitos envolviam o uso de laranjas, empresas de fachada, contas bancárias fraudulentas e logística interestadual para encobrir transações ilícitas.


A Polícia Civil destaca que Ana Lúcia mantinha estreitos laços com o PCC, atuando como intermediária entre o Professor e fornecedores de armamentos em Mato Grosso do Sul. Por sua vez, Gustavo estaria responsável por mobilizar recursos financeiros provenientes do tráfico de drogas para o CV, coordenando a realização de eventos nas comunidades como forma de ocultar ativos obtidos de forma ilícita. Além das prisões de Ana e Gustavo, a Operação Bella Ciao tem como objetivo cumprir mandados de busca e apreensão para reunir informações que possam contribuir para as investigações em curso.