|
Ataque na Crimeia: Rússia acusa Estados Unidos e revisa doutrina nuclear
Ao menos 4 pessoas morreram e 151 ficaram feridas em um ataque promovido por Kiev contra uma praia ao norte de Sebastopol, na Crimeia. A Rússia acusou diretamente os Estados Unidos pelo que chamou de "ataque bárbaro" e confirmou que o presidente Vladimir Putin ordenou a revisão da doutrina nuclear russa.
O ataque ocorreu no domingo (23) e pegou veranistas de surpresa, causando a morte de 4 pessoas, incluindo duas crianças, e deixando outras 151 feridas. Segundo informações do governo local, ao menos oito mísseis de precisão ATACMS americanos foram disparados, sendo que a maioria deles foi abatida, mas os destroços atingiram a praia lotada.
A Rússia afirmou que o ataque foi coordenado com informações de satélites dos EUA e de um drone de reconhecimento de Washington que estava próximo à costa da Crimeia. O porta-voz do Kremlin chamou a ação de "ataque bárbaro" e o embaixador americano foi convocado pela chancelaria russa.
Além disso, o presidente Putin ordenou a revisão da doutrina nuclear russa, o que provavelmente facilitará o emprego de armas nucleares. Essa medida é uma resposta aos recentes avanços russos e à autorização ocidental para que os ucranianos ataquem o solo da Crimeia com suas armas, o que elevou ainda mais a tensão entre Moscou e Washington no contexto da Guerra da Ucrânia.
A escalada nas tensões entre Rússia e Estados Unidos é considerada a mais degradada desde os momentos mais críticos da Guerra Fria. Os recentes acontecimentos, incluindo o ataque na Crimeia e a revisão da doutrina nuclear russa, elevaram ainda mais o patamar de tensão entre os países que possuem 90% das ogivas nucleares do mundo.
Enquanto a Rússia segue com avanços no leste, sul e norte do país, os Estados Unidos proíbem os ucranianos de atacarem solo reconhecido internacionalmente da Rússia com os poderosos ATACMS. Porém, Moscou nunca havia acusado de forma direta Washington por um ataque antes.
A revisão da doutrina nuclear russa visa a adaptação às novas armas táticas introduzidas pelos adversários, como ogivas com poder destrutivo baixo, supostamente para uso em campo de batalha. Essas armas foram desenvolvidas pelos EUA durante o governo de Donald Trump e Moscou tem demonstrado preocupação com o risco que elas representam.
Diante dessa situação, a Rússia mantém uma postura defensiva, porém o presidente Putin insinuou a possibilidade de um "fim de mil anos de história do Estado russo" caso seja derrotado na Ucrânia. Apesar disso, ressaltou que não pretende promover o fim da regra de não atacar primeiro com armas nucleares, mas garantiu que um ataque retaliatório seria devastador.
Com a revisão da doutrina nuclear russa, espera-se um maior esclarecimento sobre as situações de uso das armas táticas e a possibilidade de manter esquadrões de aeronaves armadas prontos o tempo todo, assim como ocorria durante a Guerra Fria. A situação na região continua tensa e as tensões entre Rússia e Estados Unidos estão cada vez mais elevadas. |