Governo ucraniano quer recrutar brasileiros para combater invasão russa

Date: Apr 23, 2025
Image title: BAKHMUT, UKRAINE - MARCH 05: Ukrainian medic "Doc" with the 28th Brigade runs through a partially dug trench along the frontline on March 05, 2023 outside of Bakhmut, Ukraine. The Ukrainian Army medic, an Odessa dentist in civilian life, said was a guitarist in band Uragan Metal for 13 years before he joined the Army following the Russian invasion. Russian forces have been attacking Ukrainian troops as part of an offensive to encircle Bakhmut in Ukraine's eastern Donbas region. (Photo by John Moore/Getty Images)
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O governo da Ucrânia está promovendo uma campanha para recrutar brasileiros interessados em se unir às suas tropas para enfrentar a invasão russa. Com promessas de salários de até R$ 25 mil mensais, vídeos e conteúdos circulam nas redes sociais brasileiras para atrair potenciais combatentes. A estratégia busca replicar o sucesso obtido com a participação de cerca de dois mil colombianos nas forças ucranianas nos últimos anos. O recrutamento inclui a tradução da página oficial de alistamento para o português e o envolvimento de recrutadores brasileiros em aplicativos de mensagens como WhatsApp, Telegram e Signal.

A Ucrânia intensificou seus esforços para recrutar estrangeiros com o objetivo de fortalecer suas forças armadas, que enfrentam uma séria escassez de pessoal, diante do aumento no número de mortes e deserções. Aproximadamente 100 mil militares ucranianos teriam desertado desde o início da invasão russa em 2022, com mais da metade abandonando as linhas de frente só no ano passado, diante da ofensiva russa na estratégica região de Donbass. O governo evita divulgar números oficiais mas, além disso, estima-se que dezenas de milhares de soldados ucranianos perderam suas vidas nos campos de batalha. 


Calcula-se que até dois mil colombianos tenham lutado junto às forças ucranianas, motivados por salários considerados altos em relação à média nacional. A maior parte é de ex-militares e antigos membros das Farc e de outras guerrilhas formadas durante a guerra civil colombiana, que resultou em mais de 200 mil mortos em 50 anos. De acordo com o Ministério das Relações Exteriores da Colômbia, com base em dados fornecidos pela Rússia, pelo menos 300 colombianos perderam a vida ao lutar ao lado das forças ucranianas durante os três anos de conflito.

As autoridades ucranianas esperam que a oferta de rendimentos atrativos tenha o mesmo impacto entre brasileiros do que o obtido na Colômbia, ressaltando a possibilidade de ganhos rápidos e a assistência oferecida aos recrutas estrangeiros. Mesmo sem exigir experiência militar formal anterior, a página de recrutamento destaca a vantagem de experiências anteriores em combate.


O Brasil registra modestos números de brasileiros envolvidos no conflito, com oito mortos oficialmente em combate desde 2022 e outros 13 desaparecidos. Estima-se que até 100 brasileiros estejam atualmente integrados à Legião Internacional da Ucrânia, embora os números não sejam oficiais. Inicialmente movidos por convicções ideológicas, os recrutamentos agora parecem ter mudado para uma busca por oportunidades de ganhar dinheiro rapidamente. A campanha ativa de recrutamento do governo ucraniano tem influenciado nessa mudança de motivação.

Em canais de YouTube dedicados a assuntos militares, oficiais ucranianos destacam que, no caso de falecimento, cada soldado possui direito a um seguro de vida de até US$ 350 mil. Mas o esquema de pagamento do salário é ajustado conforme o nível de risco enfrentado. Para alcançar o valor máximo, o militar deve passar a maior parte do seu tempo em áreas de maior perigo, como nas trincheiras da linha de frente.